deram sinal

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

não se vista de Pinóquio!

Existem três tipos de pessoas:
1- as que falam a verdade - mas que mentem ocasionalmente
2- as que falam mentira - mas que são verdadeiras ocasionalmente
3- as que falam a verdade e a mentira - dependendo da situação que se encontram.

O terceiro tipo de pessoa, geralmente, é o mais querido pela maioria.  Porque o que todo mundo quer nessa vida é  ter razão.  Em qualquer conversa, fofoca, briga, discussão, ...!
Logo, não seria diferente dentro de um coletivo. 

Estou indo trabalhar e o motorista é desses simpáticos que parecem não ler a plaquinha que fica bem acima dele.
E o engraçado é que esses motoristas costumam dar uma sortee... rsrs! Porque sempre encontram alguém, que dão brecha, pra eles puxarem assunto.
E hoje, a senhora que está sentada no banco solitário, de antes da roleta, parece estar gostando dos assuntos que ele tá falando. Eu digo que ela está gostando porque ela ri bem alto das piadinhas e sempre tem algo a acrescentar nos lances que ele conta.

Mas uma fechada no trânsito mudou o rumo da interação dos dois.

Com a freada, um tanto brusca, a senhorinha falou que a culpa fora do motorista. O motorista retrucou dizendo que a culpa "foi desse garoto que ganha um carro e acha que tá dirigindo na garagem de casa".
Uma disputa entre os dois se desenrola.

Mas, a senhorinha, que era esperta que só, sacou que com o vasto repertório técnico e profissional do motorista ela não poderia competir e parou de argumentar em favor da visão dela. 
E fez totalmente o contrário. Passou a concordar e reforçar tudo o que o motorista dizia. 

Ele ficou todo cheio. Ainda mais depois de ouvir da velhinha que ele é muito prudente e um ótimo motorista! 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

não me venham com barracos!

Quando estou no ônibus e rola alguma discussão sem danos.

Agora, quando estou no ônibus e acontecem TRÊS discussões sem danos na mesma viagem.

A verdade é que a manhã já começou de forma MUITO rara. Assim que entrei no ônibus o motorista e a cobradora responderam ao meu 'bom dia', tinha assento vago na janela, eu estava com uma boa revista na bolsa e não havia nadinha de engarrafamento! Manhã de rainha esta minha, pensei -antecipadamente!Então seguia alternando olhares à minha volta e leiturinhas na revista. Estava tudo booom demais! 

O número de passageiros era bem pouco expressivo. Não havia mais assentos vagos, mas tinha como escolher o lugar pra segurar! Mas, eu já estava sentava e isso me importava bem pouco! rs
Até que o motorista parou, dois pontos antes da ponte, e entraram algumas pessoas. Por haver espaço suficiente todo mundo atravessava a roleta e ia se direcionando lá pra trás. 
Só restaram 3 moças antes da roleta. A da frente pagou a passagem, atravessou e apoiou a bolsa e os braços na roleta. As duas de trás, ávidas para ir ao outro lado, começaram a questionar se a bonita não sairia da roleta. 
Na verdade não foi só isso. Porque esses lances em ônibus, acontecem mais ou menos assim: 


1º todo mundo fica bravo - cada um na sua intensidade- e só reclama internamente ou com quem tá do lado e não vai resolver nada

2º a pessoa mais corajosa, envolvida no lance, decide que vai reclamar. 

3º alguém engrossa a voz em apoio e, em instantes, o circo tá armado.
  
Foi assim que a 1ª discussão começou. Uma das duas mulheres deu o ultimato: "ô, minha filha, com os R$2,45 você pagou sua passagem ou comprou a roleta?".  A moça que estava na roleta fingiu que não era com ela. 

A que ainda não tinha falado, tocou no braço dela e falou: "não ouviu o que ela disse não? a gente quer passar!"
A  dondoca 'dona da roleta', marrenta que só, falou que não iria sair porque não tinha lugar pra sentar do outro lado mesmo e que por isto era indiferente segurar nos ferros de antes ou de depois da roleta. 
Ninguém gostou! E começou a confusão. Curiosamente, ninguém se intrometeu. Apenas as 3 discutiam e a 'dona da roleta' continuava grudada lá. 

Os detalhes seguiam até bem interessantes, umas frases típicas de brigas sem propósito e o motivo da discussão era bem engraçado. Eu estaria satisfeita só por aí! Só que um rapaz, sentado na minha frente, deu sinal e, entretido pela agitação das moças, acabou não se dando conta que o motorista havia parado no ponto, esperado uns 20 segundos e como ninguém havia se levantado a cobradora deu 3 tapinhas no lugar de guardar o dinheiro e o motorista arrancou.  Neste momento ele se deu conta e falou com a cobradora: 

_ Pô, trocadora, o motorista nem esperou eu saltar. Eu dei sinal. Ele tá indo tirar a mãe da forca?
Sem nem esperar a ideia passar pelos filtros e gesticulando absurdamente a cobradora retrucou: 
_ Se você ia saltar tinha que estar em pé perto da porta e não sentadão aí curiando a briga dos outros. 

A discussão das meninas perdeu completamente a graça pra mim. Neste momento eu queria mesmo era reparar bem no fight passageiro x cobradora. E rendeu. Porque o próximo ponto era só depois da ponte! O cara ficou muito irritado. Dizia que estava atrasado, tentou tirar foto da cobradora, ligou pro patrão e contou que atrasaria "por causa da trocadora imbecil que acha que manda em alguma coisa", tentou forçar a cobradora a falar com o patrão, como não conseguiu anotou o nome dela e a empresa, andava pelo ônibus falando que o sistema de transporte é um lixo, ... um verdadeiro show! 

E a dondoca da roleta continuava lá! 
Atravessamos a ponte lentamente e o motorista parou o ônibus, pro curioso esquentadinho saltar, no primeiro ponto depois de descer a ponte. Que, vale o acréscimo, é longe pra caramba do ponto pra retornar. Talvez por isso ele tenha descido dizendo coisas que na linguagem da internet ficaria, mais ou menos, assim: @$%!#$& *&¨%$|^  %¨)*#@ ¨&*(%$#@

O rapaz desceu e o clima continuou quente. Muitos comentários sobre ele e sua atitude intempestiva e tempestuosa, a cobradora se justificando e dando detalhes do que todo mundo já tinha visto e ouvido, as pessoas dizendo que ela tinha que ter falado mais, que tinha que ter falado no telefone com o patrão dele mesmo, que ela podia ter gritado, que tinha que ter dado na cara dele... 

Mas, felizmente o clima deu uma acalmadinha! A dondoca da roleta resolveu sentar em um lugar que havia ficado vago, as duas barraqueiras já haviam saltado, a cobradora tinha deixado de falar e gesticular sem parar e o povo estava sendo o povo. 
Até que uma grávida, sentada em uma das cadeiras antes da roleta, deu sinal. Ela se levantou antes que o motorista parasse, se posicionou bem perto dele e falou: 

_ O senhor é um frouxo, não tem pulso firme e não deveria estar dirigindo um ônibus. As duas brigas aconteceram porque o senhor ficou aí sem fazer nada. 

_ Alto lá, minha senhora, eu tava aqui fazendo o que eu tenho que fazer: dirigindo. Minha função não é me meter nas confusões que esse povo cria não.

_ Ah, mas o senhor tinha que colocar ordem aqui sim. Eu tô indo trabalhar nervosa de tanta briga. Cruz credo. Motorista ruim. Eu hein...
Desceu as escadas prosseguindo na reclamação. 


Ao motorista coube apenas mais um, pertinente, acréscimo.  
_ Tá  é doido! Cada uma! Tá me achando com cara pra apresentador de Casos de Família. Só pode.

A cobradora sorriu. Olhou pra gente e falou: "é de dia que começa animado assim que eu gosto!"

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

não comprem o combo: insônia + te cutuco + conversa!

Já teve alguma noite em que seu sono, completamente sem amor por você, decidiu fugir e só resolveu voltar depois das 4h da manhã, mesmo sabendo que você precisava estar de pé -e pronta- antes das 7h? Sono mais ingrato não é mesmo? 
Se isso já aconteceu na madrugada de alguma quinta-feira, de uma semana bastante cheia, você vai entender porque nessa sexta eu acordei gritando "NÃO AGUENTO MAIS!!". 
Claro que os sonhos que me acompanharam neste tão curto momento de sono também não foram os melhores e o quadro de horror só ganhou mais ânimo depois de algumas batidas na porta e um sonoro "Rosinha, tá na hora. Acorda!" . 
Depois disso tudo, não haveria melhor hora pra soltar o grito que finalizaria o momento do sonho interrompido. Gritei mesmo!


Por isso que hoje foi dia! A minha vontade real era de ficar com os olhos menores do que eles já são, de manter a boca mais fechada que uma concha quando tá produzindo uma pérola e de ter isso daqui pra usar na minha horinha de almoço! 


Mas, precisava caminhar até o terminal e iniciar o dia. Aaaaaah andar? Hoje não! Vou pro ponto, espero um ônibus, e aí não preciso andar esse pedacinho. Bom que eu cultivo a preguiça e o silêncio por mais tempo. Então, sai de casa!


Entenda: se em dias normais, antecedidos por uma noite com horaaaas de sono... eu já não sou muito adepta a manter conversas com desconhecidos, imagina hoje!!! 


Esperei o ônibus por um tempo que, certamente, teria dado pra ir e voltar do terminal umas 12 vezes (moro há um ponto do terminal). Juntamente comigo outras pessoas preguiçosas. Fiquei um pouco mais afastada de todo mundo só pra não correr o risco de alguém querer conversar mesmo.

 Quando você não está por dentro do assunto do grupo.

Uma senhorinha chegou (adendo: a-m-o senhorinhas muito. mas ela não podia ter me visto no ponto um outro dia?) e me perguntou as horas. Sem falar nada mostrei meu braço e com isso quis dizer: não tenho relógio. Ela, muito animadinha, não desistiu: "Mas, cadê o celular? Celular você tem né? Tem cara de mocinhas que usam celular!" - será que isso é bom ou ruim?- 


_ Aham! Tenho. Peraí que vou procurar aqui na bolsa! 

Enquanto eu procurava ela continuava me olhando e com um sorrisinho. Vez ou outra eu olhava pra ela e retribuía o gesto. E ela meneava a cabeça em tom de "vai logo com essa procura." Até que não se conteve e falou:

_ Que bolsa grande. Você não tem um bolsinho separado pra colocar o celular? Seria bom, sabe, porque em momentos assim você não deixaria quem te pediu informação esperando. Por mim, não tem problema, mas imagina se a pessoa estiver com pressa!Ela até desiste de te esperar encontrar o celular. 

Parei na hora de mexer na bolsa e olhei pra ela! Oiii? 

E ela continuou. 

_ É, minha filha. As pessoas andam muito corridas hoje em dia. Ninguém tem tempo mais de ficar esperando os últimos 5 minutos do forno da padaria pra levar pão quentinho pra casa não. No meu tempo a gente pedia o bife no açougue e esperava o açougueiro cortar a peça da carne e ainda passar os bifes naquela máquina de deixar mais macia por duas vezes. Hoje em dia a gente come pão de ontem aquecido no microondas e escolhe qualquer bandejinha já pesada e prontinha na prateleira do supermercado. Isso e mais um monte de mudanças. Porque a rotina das pessoas mudou. Por isso tô te falando pra deixar o celular mais fácil de pegar na bolsa... A gente tem de facilitar as coisas pra conseguir ser mais ágil. É, é sim. Verdade isso! 

Você deve estar lendo e pensando como eu estava na hora né? Eu vou te mostrar: 


Até que, enfim, encontrei o celular.

_  7:09, eu disse. 

Ela, tocando meu braço 86 vezes por segundo, disse:

_ Obrigada,viu, minha filha! Pense no que eu te disse. Rumine mesmo. Comece a facilitar a sua vida e a vida das pessoas! Vai te fazer um bem danado. Foi um prazer conversar com você. 

E foi embora! 

Vou guardar essa lição pro final de semana. Não. Pro ano. Não. Pra vida! Isso. Pra vida toda. 

Agora, ei! Ei! É com você mesmo!! Tenho um recado, uma sugestão, uma palavra de ordem. Guarde sempre contigo: 
"Comece a facilitar a sua vida e a vida das pessoas! Vai te fazer um bem danado"  


O que a gente não aprende nesta vida por causa de uma noite de insônia, um celular e uma bolsa grande né? 


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

não nasça com mais de 1,60!

Andar de ônibus, em determinados horários, deveria ser considerado esporte. Quem não é muito privilegiado na altura e já entrou em um ônibus em que os únicos lugares sem mãos segurando era o tão tão distante ferro lá perto do teto -aquele que a gente não alcança, sabe qual?- vai concordar comigo. 

Mas, agora, eu quero falar com você de estatura mediana ou alta, que sempre alcança lá em cima e mesmo assim insiste em segurar nos apoios dos bancos. 
Fique sabendo que a gente te odeia nesses momentos. E de boa? Ficamos #xatiados com razão né? 


Porque, convenhamos: 

1- se você alcança lá em cima pra quê ocupar nosso lugarzinho aqui em baixo? 

2- entre a sua altura e todo dinheiro do mundo, confesso, a gente queria a sua altura.



E talvez por você ver as coisas de um modo mais amplo, mais elevado e mais livre não perceba 



como nos contorcionamos pra segurar em algum espacinho, 


como nos equilibramos entre os outros corpos pra não passar vergonha em um belo tombo cinematográfico 


ou ainda como passamos chutando seus pés, sempre sem querer mentira, por você estar localizado próximo a algum lugar baixo que a gente alcance. 



Possivelmente, por esses motivos, você não deve concordar com os baixinhos quanto a inclusão deste esporte sugerido. Porque por falta de treino, prática e experiência, eu te garanto, nossa sugestão não seria desprezada. Porque de verdade? A gente treina MUITO e, nisto, somos exímios atletas.

Por isso, convido você a ler o que aconteceu no ônibus logo cedo, no dia de hoje. Uma cena com ares de drama, vingança e humor. O ônibus estava ultra lotado. Quanto a mim, rs, estava ótima! Sentada, curtindo uma bela canção, com fones e muito bem humorada.

Mas, uma pequena movimentação me chamou a atenção e rapidamente pausei a incrível voz do Paulo, do Crombie. Entenda: não tirar o fone e olhar disfarçadamente ajuda a não inibir os personagens e, desta forma, a cena ocorre normalmente.


Eu vi uma menina de estatura muito muito muito singela e de categoria peso pena. Ela, arduamente, tentava se mover pelos pouquíssimos espaços em busca do melhor lugar pra segurar: o de perto da porta, claro! Ela vinha da parte da frente do ônibus. 
E vi também, vindo da parte de trás, um jovem senhor. Suficientemente alto pra segurar no último galho do pé de feijão do Joãozinho. Mas, como todo passageiro que não encontra assento vago, ele também queria um espaço ali perto da porta. Até mesmo porque, quando o ônibus dá uma aliviada rola até de colocar uma folha qualquer e sentar no degrau. Quem nunca?


Por sorte eu estava estrategicamente posicionada, minha vista era privilegiada. Estava sentada naquela cadeira em que você só pode sentar se não tiver, no ônibus, um ceguinho com seu cão guia. Isso mesmo. Aquela de frente pra porta em que, havendo espaço, você consegue ver o belo horizonte. Pois bem. Deste meu lugar, pude notar que ali perto da porta havia espaço suficiente apenas para uma pessoa. A mocinha magrela também já havia notado isto e tentou se apressar. Inutilmente, pobrezinha! O grandalhão chegou primeiro e confortavelmente ocupou o lugar tão esperado. 

Pude perceber ares de frustração em seu rostinho. Mas, rapidamente uma ideia. Ela resolveu não deixar barato. Olhou pra todos lados, pensou que não estava sendo observada, passou por ele e colocou duramente o salto grosso do tamanco de madeira no pé do jovem senhor, não disse nada. Só olhou pra trás e deu uma conferida. Resultado esperado alcançado com sucesso. Ele estava com o pé no degrau, com a mão no pé e com a raiva estampada no rosto.


Vitória! No rosto dela, agora, ares de satisfação num sorrisinho maroto.
Assim é a vida, meu caro. Escolha bem seu lugar no ônibus, porque está claro: aqui se faz, aqui se paga!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

não me acorde antes das 10h!

A melhor função do smartphone é, sem dúvida, o despertador. Só nele a gente consegue programar um esquema pra acordar em horários intervalados em 1 hora, 36 minutos, 18 minutos, 13, 8 e 3 minutos, até que acorda de verdade. 


O esquema no meu celular, por exemplo, só mesmo as pessoas que gostam de dormir, as que adoram interromper os sonhos -só pra dar o desfecho que gostariam- e as que tem dificuldade em acordar cedo é que seriam capazes de entender os horários escolhidos.
Acontece que hoje eu acordei 5:10 (ainda tive que passar uma blusa) e isso me fez desfrutar de um agravante mal humor matinal agudo. Redundância? Não. É verdade. 

..

Ao caminhar até o terminal, tudo que eu pensava era no assento vago que teria no ônibus. Ali, me sentaria, colocaria o fone e não iria interagir com o ambiente.
Cheguei no terminal e, levando em consideração o número elevado de pessoas nas filas, deveria haver mais pessoas mal humoradas nesta cidade. 
Felizmente, já havia um ônibus me esperando. Entrei nele mesmo. Só que fiquei sem lugar. Mas, tudo bem. Ainda poderia usar o fone e, assim, não precisaria interagir com o ambiente, me desligaria doopaaaaaaa, peraê!!! Não acredito! Esqueci o fone  no trabalho. Dro#@¥*! Mer*#@&!  Mas, ok! Respira, relaxa. Tá cedo, não vai ter engarrafamento e as pessoas, nesse horário costumam ficar mais quietas e...   BOOOOOOOOOOOOOOOOOOM DIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!


 Peraí, gente!! O que que tá acontecendo aqui?


Pela porta traseira entrava o sujeito! Chegou cantarolando esse bundia em alto e latejante som. Na tentaiva de chegar até a roleta, veio passando entre as pessoas b.e.r.r.a.n.d.o: LICENÇA, OLHA! DEIXA EU PASSAR QUE HOJE É TERÇA, AII QUE ÔNIBUS CHEIO, É MUITA GENTE EMPREGADA, VOU LIGAR PROS PATRÕES DE VOCÊS E MANDAR DEMITIR TODO MUNDO PRA TER MAIS ESPAÇO PRA EU PASSAR! AAAI. UFA. CHEGUEI!



Nesse momento minha expressão estava em algo, mais ou menos, assim. E mentalmente cantava o mantra: cala a boca por favorzinho, cala a boca por favorzinho, cala a boca por favorzinho... Não adiantou. 

Ele sacou de um NA (tá lá, o NA tá lá, o NA tá lá! maldita propaganda) e resolveu tentar ser engraçado. Só que como uma pessoa boa, quis partilhar a pseudo graça não apenas com quem estava ao seu lado, mas com todos do ônibus. E começou assim: 
_ Nossa! Morreu Dercy Gonçalves, Hebe Camargo e Clodovil num vôo aéreo. 
_ Aiiii! Tô se sentindo incomodado nesse ônibus. 
_ Olha, gente! Dilma subiu 37 pontos. 
_ Tô nem aí. Vou votar no Zé do Caixão. 
_ Minha nossa! O Eduardo Campos também morreu. 
_ Aécio comendo num bandejão capixaba? Aposto que tava pensando num caviar. 
_ Mas que carinha linda ele tem até comendo num restaurante de pobre. 
_ Ai, ônibus, que bom que hoje tem muitas pessoas cheirosas aqui dentro de você e eu posso respirar normalmente. 
_ Vou até fazer um selfie no coletivo. 

             
        Tem alguém pra me tirar daqui? Por favor!! 

Felizmente ele saltou. Precisos 14 pontos antes de mim. Mas ao chegar em seu ponto de destino, um adesivo no poste garantiu mais um detalhe ao show. 


Mais que depressa ele tirou o adesivo, colou em sua camisa do Pronatec e gritou: AAIIIII! ADORO ESSE HOMEM!